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A Importância da avaliação técnica para a gestão de zonas de risco geológico – Caso Lago de Furnas, Capitólio, MG

quartel

13 DE dezembro

LEITURA 4 MIN

O acidente ocorrido no lago da represa de Furnas no dia 8 (oito) de janeiro, quando um considerável volume de rochas se desprendeu da margem vindo a atingir um grupo de turistas, acendeu o sinal de alerta das autoridades para a necessidade de se implementar um plano de gestão de riscos geológicos específicos para áreas de interesse turístico. Geólogos, geotécnicos e a comunidade cientifica têm desenvolvidos  foruns com o intuito de alertar a população e os órgãos públicos para a importância de se desenvolver estudos relacionados à gestão e prevenção de desastres geológicos-geotécnicos. De forma a contribuir com as discursões técnicas, registra-se no presente texto uma breve abordagem à mecânica de rochas e aos possíveis condicionantes responsáveis pela deflagração da intercorrência geotécnica no Lago de Furnas.

Ferramenta indispensável para a avaliação de riscos geológicos-geotécnicos, a mecânica das rochas consiste na ciência que avalia as propriedades geotécnicas de um maciço rochoso, analisando a resposta das rochas e maciços perante diferentes campos de forças. A avaliação das propriedades geotécnicas de um maciço rochoso inclui o conhecimento das propriedades da rocha intacta, grau de alteração em que se encontra, ocorrência e natureza de descontinuidades, da extensão e do grau de alteração e da posição espacial das descontinuidades no maciço.

Uma das metodologias usadas para se avaliar os movimentos de massas a partir das descontinuidades consiste na análise cinemática. A análise cinemática avalia os potenciais cinemáticos de ruptura, tendo por base as atitudes dos planos de fraqueza em relação à atitude da vertente ou do talude, levando ainda em consideração o ângulo de atrito atuante ao longo dos planos de fraqueza.

Para se analisar o que ocasionou o tombamento do maciço rochoso vislumbrado no Lago de Furnas, é necessário se atentar às diversas outras condicionantes, além das questões geométricas abordadas na análise cinemática, dentre elas a influência do fluxo d’água através das descontinuidades dos maciços rochosos.

A partir das imagens divulgadas pelos veículos de comunicação, é possível constatar que a geologia estrutural do maciço rochoso que compõe a encosta acometida pelo movimento de massa no Lago de Furnas, é marcada pela presença de diversas famílias de descontinuidades. A presença da água nessas descontinuidades age no sentido de reduzir a resistência do maciço rochoso, por meio de processos de alteração, saturação e erosão do material de preenchimento. Em suma, a pressão da água age desestabilizando as vertentes ao reduzir de forma não homogênea as forças resistentes e aumentar as forças que desencadeiam os movimentos de massa.

Diversos estudos considerando o fluxo d’água em maciço fraturado foram desenvolvidos e sintetizados em equações que se leva em conta o grau de conectividade das descontinuidades, espaçamento, a rugosidade, o tipo de fluxo, a área da seção transversal de análise, o volume de descarga d’água, dentre outros. Zhang, Harkness e Last (1992) foram responsáveis pelos principais estudos levando em conta as diferentes situações de conectividade entre descontinuidades em maciços rochosos.

Apenas uma análise elaborada por um corpo técnico específico pode pontuar todas as devidas causas do desastre ocorrido no Lago de Furnas, porém, cabe à comunidade ter consciência do dinamismo constante próprio do planeta e que movimentos de massas são recorrentes ao longo do tempo geológico, sendo de interesse político e social a elaboração de estudos e desenvolvimento de medidas que mitiguem os danos causados pelos agentes naturais.

Fonte: FIORI A.P; CARMIGNANI L.  Fundamentos de Mecânica dos Solos e das Rochas: Aplicações na Estabilidade de Taludes. 3ª Edição. 2009. Oficina de Textos.

 

Autora: MENDES, Rayssa: Geóloga.

Revisão: NOVAIS, Bruno: Geólogo.

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